Erros comuns ao contratar um empréstimo online

Erros comuns ao contratar um empréstimo online

Contratar um empréstimo online se tornou rotina para milhões de brasileiros, mas escolhas mal informadas podem gerar dívidas inesperadas. Aprenda a identificar e evitar armadilhas financeiras neste artigo.

Ao longo deste guia, você conhecerá as principais falhas cometidas na contratação de crédito digital e receberá orientações práticas para preservar seu equilíbrio financeiro.

Panorama do mercado de empréstimos no Brasil

Em abril de 2025, o total de empréstimos pendentes no país atingiu R$ 6,6 trilhões, com um crescimento mensal de 0,7%. Nos últimos 15 meses, não houve retração no estoque de crédito, mesmo diante da elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central.

O crescimento anual do crédito em março de 2025 foi de 9,9%, sendo 11,5% para famílias e 7,4% para empresas. Esse movimento reflete a crescente busca por alternativas digitais, especialmente em um contexto de maior seletividade dos bancos tradicionais e aumento dos custos de transação.

Esse cenário demonstra a resiliência do crédito mesmo com juros altos e reforça a necessidade de decisões mais informadas, tanto por parte de quem toma quanto de quem oferta empréstimos.

1. Falta de planejamento financeiro

Um dos principais motivos de tensão após a contratação de um empréstimo é a ausência de um planejamento prévio. Muitos consumidores decidem pelo crédito no impulso, sem verificar se as parcelas cabem no orçamento mensal ou se há alternativas menos onerosas.

Imagine assumir um financiamento para reforma de casa sem calcular o valor de materiais e mão de obra. Quando as prestações chegam, sobra pouco para despesas essenciais como alimentação e contas de água e luz. O ideal é que a soma das prestações não ultrapasse 30% da renda familiar.

Antes de apertar o botão de solicitação, faça um levantamento de gastos fixos, despesas emergenciais e reserve uma margem de segurança. Essa análise ajuda a avaliar sua real necessidade e evita surpresas desagradáveis no fechamento do mês.

2. Não comparar ofertas e taxas

Apressar-se e aceitar a primeira proposta disponível costuma ser um equívoco caro. Instituições financeiras, bancos, fintechs e cooperativas oferecem condições diversificadas, e a variação de taxas pode ultrapassar 10% ao ano em alguns casos.

Ao comparar ofertas, não avalie apenas a Taxa de Juros Nominal, mas também prazos, carência e eventuais tarifas de contratação. Muitas fintechs lançam promoções com taxas atrativas para novos clientes, mas podem aplicar valores maiores em renovações.

Para evitar esse deslize, utilize sempre uso de simuladores confiáveis e compare propostas em diferentes plataformas. Um pequeno esforço de pesquisa pode representar economia de milhares de reais ao longo do prazo contratado.

3. Ignorar juros e custos totais

Focar apenas no valor da parcela mensal sem entender o montante acumulado até o vencimento final é um erro frequente. Contratos mal detalhados podem incluir tarifas de abertura de crédito, seguros obrigatórios e outras cobranças ocultas.

Considere sempre o Custo Efetivo Total (CET), que reúne todos os encargos incidentes sobre a operação financeira. Em uma simulação, duas propostas com prestações similares podem apresentar diferenças de até 20% no valor final pago.

Em vez disso, analise o custo efetivo total (CET) e todos os encargos embutidos no acordo. Ao conhecer o valor real do empréstimo, você corre menos riscos de comprometer seu orçamento nos meses seguintes.

4. Solicitar mais dinheiro do que necessário

Muitas pessoas acreditam que contratar um montante maior oferece maior flexibilidade, mas essa prática pode aumentar significativamente os juros proporcionais ao valor requisitado e estender prazos de pagamento.

Quanto maior o saldo devedor, mais altas as parcelas e mais longa a duração do contrato. Situações inesperadas, como perda de renda ou emergência médica, podem tornar o pagamento insustentável, gerando atrasos e multas.

Solicitar um valor além do necessário eleva o risco de inadimplência elevado e pressiona o orçamento. Se precisar de recursos extras, avalie linhas de crédito adicionais somente após quitar o empréstimo inicial.

5. Não ler ou entender o contrato

Em meio a letras miúdas e termos técnicos, a maioria dos consumidores assina contratos sem absorver todas as cláusulas. Essa falta de atenção pode resultar em cobranças inesperadas, como tarifas de manutenção ou seguros embutidos.

Por exemplo, é comum incluir seguro de proteção financeira sem aviso claro, aumentando a parcela em 5% a 10% do valor original. Leia cada item, destaque pontos de dúvida e pesquise definições de termos técnicos.

Reserve tempo para ler cada parágrafo do contrato, anotando itens que gerem dúvidas. Se necessário, consulte um advogado ou órgão de defesa do consumidor. Sem atenção, podem surgir cláusulas e encargos ocultos que impactam o custo final do empréstimo.

6. Negligenciar a reputação da instituição

O ambiente digital facilitou o acesso a diversas modalidades de crédito, mas também ampliou a atuação de empresas não autorizadas. Identificar a credibilidade da instituição é tão importante quanto analisar as condições financeiras.

Sites fraudulentos costumam apresentar erros de português, informações desencontradas ou ausência de canais de atendimento claros. Consultas ao CNPJ e avaliações em plataformas como Reclame Aqui permitem verificar reclamações e histórico de atendimento.

Para se proteger, verifique sempre as fontes oficiais e evite sites fraudulentos e golpes financeiros. Escolha apenas instituições reconhecidas pelo Banco Central e registradas na Receita Federal.

7. Não adequar o valor à capacidade de pagamento

Um erro comum no crédito consignado é ignorar o desconto automático em folha. Sem controle do fluxo de caixa, o tomador pode ter dificuldades para cobrir outras despesas, como aluguel, energia ou educação, no mesmo período.

Planeje seu orçamento considerando todas as receitas e deduções previstas no mês. Projete cenários de imprevistos, como redução de jornada de trabalho ou demissão, para verificar se ainda é possível cumprir as obrigações.

Considere o impacto no fluxo de caixa antes de assumir qualquer compromisso financeiro. Essa prática reduz o risco de atrasos, multas e restrições de crédito futuras.

Recomendações práticas para evitar esses erros

  • Use simuladores oficiais de diversas instituições e compare o CET de cada proposta.
  • Desconfie de exigências de pagamentos antecipados, principalmente por canais não oficiais.
  • Leia atentamente todas as cláusulas contratuais e esclareça dúvidas com especialistas.
  • Faça um diagnóstico completo do seu orçamento antes de solicitar o crédito.
  • Confirme sempre a regularidade da instituição junto ao Banco Central e à Receita Federal.

Tabela resumo dos principais erros e soluções

Tendências e o futuro do crédito online

O crescimento do crédito digital deve continuar impulsionado pela inovação tecnológica e pela inclusão financeira. A automação no processo de análise de risco torna a concessão de empréstimos mais rápida, mas exige maior maturidade do consumidor para entender novas modalidades.

Especialistas apontam que o uso de inteligência artificial para precificação personalizada e prevenção de fraudes tende a se intensificar nos próximos anos. Essa evolução pode criar produtos mais adequados ao perfil de cada cliente, com taxas ajustadas à sua realidade financeira.

No entanto, mesmo com acesso facilitado, a educação financeira permanece como pilar essencial. A velocidade de aprovação não pode suprimir a qualidade da decisão: planejamento, comparação e leitura atenta de contratos são imprescindíveis para operações mais seguras.

Ao seguir essas recomendações, você estará mais preparado para escolher a oferta de crédito que atende às suas necessidades, preservando sua saúde financeira no curto, médio e longo prazo. Lembre-se: empréstimo é uma ferramenta valiosa quando usada com responsabilidade.

Maryella Faratro

Sobre o Autor: Maryella Faratro

Maryella Farato, 29 anos, é colunista do hecodesign.com, onde escreve sobre finanças com olhar empático e educativo, especialmente voltado ao público que já sofreu com dívidas ou desorganização financeira.